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De olho nas maquininhas

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Movimentando mais de R$1 trilhão ao ano, maquininhas de cartão de débito e crédito atraem cada vez mais clientes

R$ 1,1 trilhão ao ano. Esse é o montante atual de compras nas maquininhas de cartão de crédito ou de débito. Esse valor corresponde atualmente a 31% do total e deve aumentar 40% dos pagamentos no Brasil em 2026. Com isso, se consolidar em relação ao dinheiro em espécie. De olho nesse mercado, novas empresas correm para ficar com uma fatia desse bolo, inclusive as fintechs (startups que atuam na área financeira). E essa maior concorrência começa a mudar o setor de meios de pagamentos eletrônicos.

As empresas que capturam essas transações, seja na presença de um cartão físico, seja em operações virtuais, via internet, são conhecidas como adquirentes ou credenciadoras. Elas conectam os estabelecimentos comerciais à rede de aceitação das bandeiras de cartões (American Express, Elo, Mastercard, Visa).

TENDÊNCIA

Vitor França, consultor da Boanerges & Cia, lembra que esse mercado apresenta margens elevadas. Isso  estimula a entrada de novas concorrentes, em especial após mudanças regulatórias por parte do Banco Central (BC) que deram um fim aos acordos de exclusividade entre as adquirentes e as bandeiras. “Há um potencial de crescimento dessas operações fora dos grandes centros. Os meios eletrônicos devem tomar espaço do dinheiro nos próximos anos. E há espaço para novas empresas, que exploram nichos que eram menos atendidos”, diz o consultor.

Essa presença de novos participantes já começou a mudar a cara do setor. Até 2010, esse mercado era dominado basicamente por Cielo (Banco do Brasil e Bradesco como sócios) e Rede (Itaú). No entanto, essas empresas estão perdendo participação de mercado. Segundo levantamento da Boanerges, a fatia da Cielo passou de 55% para 54% em um ano e a da Rede, de 36% para 34%. Já a Getnet (Santander) subiu de 9% para 12% e pretende chegar a 15% até o fim do ano.

EXPANSÃO

Pedro Coutinho, presidente da Getnet, afirma que a ideia é conquistar novos clientes. Isso pode se dar com o uso da inovação, ou seja, com a criação constante de novos produtos e serviços que podem ser ou não integrados a outros produtos do banco. “Fomos para o Tecnopuc (centro de tecnologia da PUC RS) para dar velocidade aos nossos projetos. Essa agilidade nos mantém mais próximos dos clientes”, afirma. Coutinho acrescenta que a retomada do crescimento ajuda nesse processo. “O País crescer é essencial para a bancarização.”

No espaço dentro da PUC RS, onde estão presentes empresas como Dell e HP, trabalham menos de 100 funcionários dos mais de dois mil da GetNet. Apesar do baixo percentual (apenas 5% dos funcionários da empresa), são eles os responsáveis por criar novos produtos ou adaptar os já existentes. Um deles é o aplicativo de relacionamento do cliente (lojistas e profissionais liberais) com a empresa. Esse aplicativo, além de resolver questões práticas, como pedir a antecipação de recebíveis, proporciona ao lojista acesso à média de vendas dos seus concorrentes na região. Se essas médias estão baixas, ele pode ajustar os preços para atrair novas vendas, por exemplo.

NOVOS SERVIÇOS

maquininhasOlhar novos participantes também faz parte desse processo de inovação.  E um claro exemplo disso é  a GetNet. A empresa passou a vender maquininhas de captura de transação, a chamada  “Vermelhinha”. A ideia é copiar o modelo semelhante ao feito pela PagSeguro, do UOL, a “Moderninha”. França lembra que esse modelo levou para os meios eletrônicos de pagamento profissionais liberais e vendedores autônomos.

“Eles preferem comprar um equipamento em parcelas inferiores a R$ 80,00 a pagar aluguel das máquinas tradicionais, que superam os R$ 100,00”, afirma França. Esse mercado em crescimento, e que demanda por inovação, tem atraído também as fintechs. Das 247 monitoradas pelo Fintechlab, uma parcela de 32% atua na área de meio de pagamento. Em sua grande parte, elas prestam algum serviço específico ao cliente, enquadrando-se na figura de “subadquirente”.

Um desses casos é o das maquininhas Paggi, que além da captura de transações, oferecem serviços integrados aos clientes, como juntar os caixas das vendas físicas com a operação virtual e fazer operações de rotina, como fechamento de caixa. “Conseguimos atuar de forma mais customizada, o que as grandes empresas não conseguem”, explica Maurício Valim, presidente da Paggi.

Valim diz que as maquininhas podem fazer mais do que capturar transações. Entre as várias funções que podem desempenhar estão a opção de incluir CPF na nota fiscal ou de  fazer a divisão da conta entre o número de clientes da mesa. Caso queira, o proprietário pode fazer o fechamento de uma parcial (quando só uma parte dos clientes da mesa faz o pagamento). “Uma startup é mais ágil para fazer essa customização. Tem muita empresa querendo soluções diferentes, e isso dá espaço para o crescimento de todos”, argumenta.

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Paulo Filipe Lacerda

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