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Gaby Haviaras: única e múltipla

Gaby Haviaras

Versatilidade. Essa é a marca da atriz, bailarina, poetisa e comunicadora Gaby Haviaras. Com trabalhos de expressão na TV e mais de 15 espetáculos no teatro e outros 25 anos de dança, a catarinense vive um grande momento. Articulada,  sem medo das novidades e bastante básica em seu modo de vestir, a atriz fala sobre sua multiplicidade de projetos. E também abre o jogo sobre TV, Netflix, Youtube e, como não poderia deixar de ser…calçados.

Na entrevista que se segue você vai conhecer um pouco mais dessa talentosa artista que integra o time de estrelas da TV Record. Veja também o vídeo exclusivo da atriz para o nosso site.

 RISAGaby, você é uma pessoa multifacetada: atriz, poetisa, bailarina…. Como é, para você, ter uma vida tão movimentada?

Gaby Haviaras – Eu amo e escolho ter esta vida! Eu resolvi aceitar todos estes “saberes” porque em algum momento já foi uma questão “ter que me decidir”, “focar e fazer uma escolha”. Mas fui entendendo que em quase todos os momentos elas se completam. Ao longo dos meses, do ano, elas vão sendo prioridade à medida que os trabalhos e os projetos aparecem. O que me guia é que sou muito disciplinada, característica que a dança me deu desde menina. Com tantos afazeres e projetos que andam em paralelo é importante organizar os meus dias e a minha “não” rotina. E há coisas de que não abro mão, como minha aula de ballet todos os dias pois, mesmo não dançando mais profissionalmente em companhias, isso já deixa o trabalho do corpo da atriz sempre presente.

A poesia surge mais nos dias em que a emoção transborda e sai se transformando em versos. Neste momento, aliás, ela está pedindo para virar livro! É a comunicadora que quer falar sobre tudo para o mundo. Imagina lidar com todas essas vertentes num dia só?! (risos) Mas tudo isso é prazeroso. Talvez o que gere desgaste é que, como se trata de uma profissão “instável”, você precisa ter essa ação de provocar trabalho o tempo todo. É preciso correr atrás de tudo que se quer realizar – e nem sempre isso depende de você. Talvez esse seja o maior desafio.

Como hoje em dia essa profissão está muito associada às redes sociais, é preciso aprender como usá-las, como apresentar seu trabalho para o mundo nelas, produzir conteúdo para esses espaços vira mais um trabalho dentro dos afazeres. Então são tantas atividades em paralelo que, quando acontece o atuar, escrever e dançar, de fato, é o momento que mais se espera.Gaby Haviaras2

RISANos últimos anos, você tem trabalhado em teatro, séries, novelas, cinema… Como você tem visto esse movimento de uma valorização de outros formatos da narrativa, como as séries? Elas vieram para ficar?

GabyMaravilhoso e acho que vieram para ficar, sim! Nossos somos um país noveleiro, nossa cultura mais próxima, de modo geral, é a novela. E isso o Brasil sabe fazer! Mas esse movimento da invasão das séries é ótimo culturalmente. Criam-se mais possibilidades de se contar muito mais histórias, gira mais o mercado de trabalho. Além disso, dá mais autonomia para o espectador escolher o que ele quer assistir e na hora que quiser. Há pouco tempo todo mundo tinha televisão em casa e assistia muito a ela. Mas, hoje, muita gente não tem mais pacotes de TV a cabo e apenas uma Netflix, por exemplo. E, com o advento do YouTube, estamos vendo uma geração crescendo que não liga mais a TV, nem vê novela, mas conhece muitos conteúdos do YouTube e as personas famosas que ali se criaram.

E pra gente, enquanto ator, eu acho interessante, pois quando se pega uma novela, uma obra longa, você fica um ano ali – o que é ótimo e um grande aprendizado. Mas e quando você não pega? Antes ficávamos muito sem possibilidade de fazer um audiovisual naquele ano, por exemplo. Com o advento das séries, cujo tempo de gravação é mais curto, você consegue até fazer três trabalhos num ano. Acaba que o ator tem muito mais giro de teste e possibilidades, mais personagens, mais trabalhos e mais desafios. Espero que realmente elas tenham vindo para ficar. Acho positivo para o espectador e para nós que, trabalhando com isso, não estamos mais à mercê de apenas uma ou duas emissoras.

RISAComo você a questão de mídias como Youtube, Netflix no cenário artístico? 

Gaby Vieram para transformar. O que vai ficar ou não, eu não sei, mas elas fazem parte de um jeito novo e diferente de se comunicar. Por exemplo, esse evento chamado “YouTubers” está fazendo vários nichos de mercado se repensarem em como se comunicam e, sim, dando visibilidade à muita gente que nunca teria espaço se não tivesse esta ferramenta. Agora a gente artista também está tendo que se repensar, para se colocar e falar com o nosso público. O formato de se comunicar ficou mais informal, mais real, mais próximo de quem assiste, e o espectador gosta de se sentir representado e contemplado. E os YouTubers estão provocando esta reflexão. Tanto que tem gente que não “fala de nada”, mas é muito famoso por lá, porque ele fala direto e achou o seu público, com o seu nicho de interesse.

Não acho que todo mundo tenha que ter um canal no YouTube e nem sei até quando isso vai, mas acho que temos que observar o que vai mudando na forma de se comunicar, principalmente para nós, atores, que falamos direto com o nosso público nas redes sociais. E a Netflix, além de abrir o mercado de trabalho, como respondi acima, também fez as emissoras mudarem o jeito de passar as novelas. No Netflix (no caso, as plataformas de streaming),  você vê o que quer na hora que pode e isso está cativando seu público, o que fez as emissoras colocarem seus conteúdos de dramaturgia nos “plays”, que tem tido mais audiência do que no “ao vivo”. Acho que tem uma tendência aí aparecendo… De repente toda a dramaturgia ir para o streaming e na TV ao vivo ficar o jornalismo e o entretenimento.Gaby Haviaras 1

RISA –  Falando de uma forma um pouco mais específica, como é sua relação com calçados? Sabemos que toda mulher adora… E você?

Gaby – É uma relação bem específica de muito amor e garimpo (risos)!  Na verdade, eu escolho a roupa que vou usar pelo sapato. Coloco a identidade do que estou vestindo a partir deles. Por escolha, no meu guarda-roupas a maioria das peças são lisas. Não gosto muito de estampa e acho que peças lisas dão mais possibilidades. Então para compor um look eu jogo a cor, a estampa, a ousadia, o diferente no sapato. E, claro, quem ama sapato, sempre tem um sonho de ter um closet para poder organizá-los (risos)!

RISAQuando você procura um calçado, o que você busca?

Gaby – Talvez, primeiro, o quanto ele é diferente, autêntico e confortável. Não compro um sapato que não tenha conforto, ou que olhe pra ele e diga “Você vai durar muito tempo, porque vou te usar muito!” Mas eu gosto de garimpar sapatos, não me ligo muito em quantidade. Eu gosto de ter pares diferentes, autênticos. Quando viajo, fico de olho para ver se acho algo que só teria ali, que poucas pessoas vão ter igual.

RISAGaby, quem dança, atua e faz acontecer como você sempre tem uma história interessante para contar. Você tem alguma interessante envolvendo calçados?

Gaby – A gente que dança tem uma relação profunda com a nossas ferramentas de trabalho, que são as sapatilhas e os sapatos específicos de dança, né?! Eu tenho um cuidado e amor com meus pés porque eles são muito “mal tratados” no ofício. Até por isso, o sapato fora da dança é escolhido muito pelo conforto. Mas a primeira história que me vem à cabeça foi com a minha primeira sapatilha de ponta importada. Eu  a ganhei quando tinha 15 anos.

Naquela época as sapatilhas de ponta brasileiras não eram muito boas e ganhei uma francesa que era uma luva, não doía. Fiz aulas com ela e a deixei reservada para dançar no fim do ano, porque era a minha “joia”. Mas, depois de um dos ensaios, cheguei a, coloquei-a para secar o suor e fui para a escola. Quando voltei, a moça que trabalhava lá em casa a havia colocado no forno para secar! A sapatilha esturricou, o solado ficou igual torrada queimada, foi um dia bem triste! Por perder a sapatilha e saber que teria que dançar com a outra brasileira, que me machucava muito.

Paulo Filipe Lacerda

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